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Você cuida da sua saúde ou da sua doença?

O senso comum sobre o conceito de saúde-doença, são estados antagônicos na nossa vida, em que, ou a pessoa está com saúde, ou doente. Esta percepção reflete na disposição, humor, concentração, criação e execução das atividades de rotina.


Esta visão nos leva a pensar saúde como resultado na nossa vida e não um processo que acontece simultâneo e dinamicamente, influenciado pelo nosso contexto e intercorrências do dia a dia.



Vejamos o exemplo do caso Luiza:

Luiza era uma jovem que terminou seu ensino médio com 18 anos. Seu sonho era entrar para uma faculdade de engenharia civil na Universidade Federal, porem seu pai há 2 meses, motorista de caminhão autônomo, por isto, sem carteira assinada, teve um acidente vascular cerebral (AVC) e ficou com sequelas: paralisia do lado direito, dificuldade para falar e se alimentar. Ele não consegue retornar ao trabalho e ela não tem mais irmãos e ninguém para ajudar.

Diante deste contexto Luiza e sua mãe foram contratadas para trabalhar em um supermercado 40 horas semanais, uma das 07h às 17h e a outra das 13h às 23h no setor de serviços gerais. Deste modo uma pode ficar com o pai no período da manhã e a outra no período da noite, sendo que a tarde ele fica sozinho. A renda familiar é de R$ 2.000,00, sem outro benefício e a despesa familiar com moradia, energia e água é R$ 1.500,00.

Luiza trabalha no turno da tarde/noite e suas responsabilidades na casa são: fazer café da manhã, almoço, limpar a cozinha, auxiliar seu pai com a higiene da manhã, exercícios que a fisioterapeuta passou e alimentação (café, lanche da manhã e almoço) bem como lavar a roupa. Sua rotina diariamente vai até 12h (segunda a sábado). É o tempo de finalizar tudo, tomar banho e ir para o trabalho (13h).

Luiza descobre que ao lado do seu serviço tem uma escola que fornece aulas particulares gratuitas para pessoas de baixa renda e preparatório para o vestibular. Ela decide utilizar suas duas horas de descanso para fazer aula. Para dar tempo, se alimenta com lanche rápido e tem custo mensal de R$ 250,00. O mercado em que trabalha fornece alimentação para os funcionários, onde poderia ter uma alimentação com mais qualidade e sem custo, porém se Luiza fizesse esta opção, não conseguiria acompanhar as aulas.

Luiza vai trabalhar de bicicleta ou de carona (carro), a distância do mercado a sua casa é de 2 km.

Aos sábados seu horário de trabalho é de 4h, assim ela faz 4 horas de aula no sábado e ajuda sua mãe com a rotina da casa e com seu pai, no domingo pela manhã ajuda na rotina da casa e a tarde e noite estuda, geralmente sua alimentação é algo que ela chama de “prático”: macarrão instantâneo, lanche, e gosta de chocolate.

Após 5 meses nesta rotina, Luiza iniciou com fortes dores de estômago sendo diagnosticada com gastrite por infecção de H. pylori, cujo tratamento não tem acesso público e custará R$ 300,00. O intestino funcionava apenas 1 vez por semana, engordou 15 kg, suas roupas não sevem mais.

Vamos refletir sobre este caso.

Os problemas de saúde que surgiram foram um resultado na saúde da Luiza? Culpa do AVC que o pai da Luiza teve? Ou foi um evento que aconteceu na vida de Luiza assim como outros eventos: o problema de saúde do pai, o trabalho, o estudo e a rotina da casa.

Se entendermos que o surgimento de problema de saúde é um evento na vida, esta é a primeira prática de promoção de saúde, pois retiramos o sentimento de culpa, de incapacidade de fazer saúde e passamos a buscar práticas que promovam saúde.

Observem!

Luiza conseguiu aula gratuita, entretanto com o estilo de alimentação que escolheu, aumentou o gasto com alimentação e com tratamento, além de ficar menos disposta e fragilizar o projeto da faculdade, este contexto na maioria das vezes poder promover angustia, ansiedade, tristeza e frustração.

Afinal. O que eu pretendo é que você reflita a partir da história de Luiza?

A vida tem sua dinamicidade e se queremos cuidar da nossa saúde, precisamos fazer escolhas por ela, entendermos que somos o protagonista da nossa vida e que precisamos de tempo para cuidado.

Para isto é necessário apreendermos práticas de promoção de saúde que nos levem ao empoderamento sobre os cuidados, autonomia de escolha, realização pessoal e consequentemente aumentem a disposição para as rotinas.

Seguem alguns exemplos de práticas de promoção de saúde a partir do caso Luiza

- Ao preparar a refeição da família (preparar sua refeição do intervalo, com alimentos em natura, evitar alimentos processados e ultraprocessados como embutidos e macarrão instantâneo). Preparar a marmita garante uma alimentação saudável e econômica.

- Incorporar práticas de meditação, que contribuem para concentração, saúde emocional e redução do stress.

- Ir alguns dias para o trabalho de bicicleta. Está comprovado cientificamente que as pessoas que se deslocavam de bicicleta para o trabalho tem expectativa de vida mais alta e menos casos de câncer e de doenças cardiovasculares.

- Construir estratégias para aumentar a autonomia do pai para o autocuidado, pedir apoio e orientação aos profissionais da unidade de saúde. Construir com o pai um processo de cuidado participativo e ativo do seu processo de recuperação

- Cultivar hortaliças e plantas medicinais em casa que são práticas de autoatenção e de valorização do conhecimento popular.

- Inserir o hábito de tomar chá de espinheira-santa, camomila, capim-limão, no período da noite para redução do stress e como protetor gástrico. Ingerir frutas, água e alimentos integrais para o bom funcionamento do intestino.


Agora pelo fato da Luiza ter um problema de saúde como ela pode promover saúde neste contexto?

Todas as práticas já citadas vão contribuir para sua recuperação, entretanto, Luiza agora tem um diagnóstico de um problema de saúde, e após avaliação profissional foi prescrito tratamento com medicamento para a resolução do problema.

Muitas pessoas têm resistência em seguir um tratamento ou uma orientação profissional, devido ao seu ponto de vista ser divergente do outro, ou por pré conceitos estabelecidos. Desenvolver flexibilidade para agregar outros pontos de vista na sua rotina, assim como criar novos significados ou ressignificar o existente são práticas de promoção de saúde.

E lembre-se sempre quando for utilizar medicamento como estratégia terapêutica siga as 3 certezas tratamento medicamentoso para alçar o resultado esperado.

- Administre no horário certo.

- Utilize a quantidade certa.

- Utilize pelo período de tratamento certo.

Esta dica também se aplica aos chás medicinais e suplementação vitamínica.

Incorporar práticas de promoção de saúde podemos considera um compromisso ético com você, pois são construídas de acordo com seus recursos, com práticas colaborativa e sustentáveis.


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